Ferramenta bloqueia financiamento de produtores rurais notificados por desmatamento
Uma nova ferramenta tecnológica começou a ser usada para bloquear o financiamento de produtores rurais que forem notificados por desmatamento.
A novidade foi testada com sucesso no mês passado. Pela primeira vez, proprietários rurais envolvidos com desmatamentos irregulares sofreram imediatamente as consequências disso no bolso.
É como quando um motorista ultrapassa o limite de velocidade e acha que não será multado porque não há nenhum guarda de trânsito por perto. Só não contava com a câmera que registra o momento exato da infração, com direito a imagem da placa. No caso dos proprietários rurais que desmatam além do permitido, mesmo que não haja um fiscal por perto, o flagrante vem do alto, das imagens de satélite.
Os dados são do MapBiomas, uma rede que monitora o desmatamento em todo o Brasil e viram mapas georreferenciados de alta precisão. As informações são encaminhadas para o BNDES, de onde saem os recursos para os agentes financeiros que liberam o crédito rural.
“A gente cruza essas informações também com a base de dados de autorizações de desmatamento que tem no Ibama. Então, através desse cruzamento, a gente sabe se teve ou não autorização e também a gente avalia se ele está sob alguma área protegida. A gente produz um laudo que identifica uma imagem antes e depois do desmatamento e faz todos os cruzamentos para a gente saber em que propriedade que houve o desmatamento, se está em área protegida”, conta Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.
Rede do Mapbiomas monitora o desmatamento em todo o Brasil — Foto: JN
Ao todo, 58 proprietários rurais tiveram os recursos bloqueados. Desses, apenas três recorreram alegando que possuíam licenças estaduais para desmatar.
Os estados que tiveram os maiores bloqueios de crédito rural em fevereiro foram Tocantins, Pará, Rondônia e Minas Gerais.
A soma dos valores bloqueados chegou a R$ 25 milhões, menos de 1% do volume total de recursos liberados pelo BNDES em fevereiro para o crédito rural.
“A tecnologia é o caminho para a gente construir boas práticas, melhorar a eficiência do Estado e responder essas demandas inadiáveis da sustentabilidade ambiental. Evidente que os empresários do campo, do agronegócio, são muito importantes para o Brasil e são muito modernos, competitivos, geram divisas. Mas não pode mais ter nenhuma complacência com quem desmata, destrói o meio ambiente e compromete o futuro da humanidade”, diz o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
fonte: Jornal Nacional