Dilma tira poderes de comandantes militares e passa para Wagner
Foto: Tereza Sobreira / Ministério da Defesa
A presidente Dilma Rousseff (PT) tirou poderes dos comandantes militares e delegou ao ministro da Defesa, o ex-governador baiano Jaques Wagner, competência para assinar atos relativos a pessoal militar, como transferência para a reserva remunerada de oficiais superiores, intermediários e subalternos, reforma de oficiais da ativa e da reserva, promoção aos postos de oficiais superiores e até nomeação de capelães militares, entre outros. De acordo com o Estadão, a proposta foi assinada na quinta-feira (3) e estava engavetada há mais de três anos na gestão da Casa Civil. Hoje, estes atos são assinados pelos comandantes militares. De acordo com o Estadão, a medida foi recebida com “surpresa”, “estranheza” e “desconfiança” pela cúpula militar, que não foi informada que ela seria assinada pela presidente e publicada no Diário Oficial de sexta. A responsabilidade pela decisão de o decreto ter saído do fundo da gaveta para o DO estava sendo considerada um mistério. No final do dia, no entanto, a Casa Civil informou que o envio do decreto à presidente atendeu a uma solicitação da Secretaria-geral do Ministério da Defesa, comandada pela petista Eva Maria Chiavon. Mas todos ainda buscam explicações claras sobre o que realmente aconteceu neste processo. O comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que estava ocupando o cargo de ministro interino da Defesa, e que viu seu nome publicado no DO endossando o decreto, disse que não sabia da existência dele. “O decreto não passou por mim. Meu nome apareceu só porque eu era ministro da Defesa interino. Não era do meu conhecimento”, resumiu o comandante. Os militares se mostraram bastante “incomodados” com o ocorrido. O decreto gerou “uma histeria geral”, pela maneira como foi feita a publicação, sem que a cúpula militar fosse sequer avisada. “Há uma preocupação de que este decreto, que estava dormindo há anos, foi resgatado por algum radical do mal ou oportunista, com intuito de criar problema”, observou um oficial-general consultado pelo Estado, ao lembrar que a publicação do texto agora, foi “absolutamente desnecessária”.