Aplicativos de finanças para smartphones ajudam a controlar orçamento

Pesquisa diz que o brasileiro gastou em 2016, em média, 15% do seu orçamento em itens não essenciais, como as idas a bares, restaurantes e cafés.

Conhecer a origem dos gastos pode ser essencial para ter um orçamento saudável e chegar ao final do mês no azul. Esta é a maneira mais segura para identificar os desperdícios, ou seja, aquele dinheiro gasto em supérfluo ou desnecessariamente que contribui para que o salário não dure o mês todo. De acordo com estimativa feita pelo aplicativo de finanças GuiaBolso, o brasileiro gastou em 2016, em média, 15% do seu orçamento em itens não essenciais, como as idas a bares, restaurantes e cafés.

O estudante João Victor conta que consegue fazer seu dinheiro sobrar (Foto: Arquivo Pessoal)

Especialistas em educação financeira são unânimes em recomendar que todas as despesas sejam registradas para conhecer o destino que se dá ao salário. Neste exercício, aplicativos para smartphones e tablets – como o GuiaBolso – são os mais indicados para quem quer aposentar caderninhos e planilhas.

Para o estudante de Economia Fábio Senna, 25 anos, o uso de aplicativos é uma das formas de equilibrar os rendimentos. Senna tem três cartões de crédito e há mais de um ano instalou o Organizze. “Eu usava uma planilha no Excel (programa de computador), mas com o app tudo é mais dinâmico. Dá para ver as despesas, economizar. Antes de usá-lo tinha várias surpresas no final do mês, mas agora sei como e onde usar o meu dinheiro”. Ele conta também que optou pela versão paga do aplicativo, mesmo existindo a gratuita, por ter mais opções de controle dos gastos. Antes de usar o Organizze, ele testou outros aplicativos semelhantes, voltados para o controle das finanças pessoais.

“Tenho recomendado os aplicativos, pois  eles possibilitam o controle efetivo dos gastos. Como as pessoas estão com o smartphone o tempo inteiro, eles permitem atualização de gastos em tempo real”, diz o educador financeiro Angelo Guerreiro.

“Uma vantagem do aplicativo, é poder filtrar por tipo de gasto, como por exemplo, alimentação, vestuário, cartão de crédito. Com o uso, é possível monitorar no final de cada período o que se gastou e avaliar”, completa Guerreiro.

Opções
Há diversas opções de aplicativos para controle do orçamento disponíveis nas lojas do Google (sistema Android) e da Apple (iPhones). Alguns oferecem, inclusive, a possibilidade de sincronização com  computadores de mesa.

O usuário, ao navegar pela seleção “finanças” das lojas, irá encontrar desde  aplicações mais manuais – em que é preciso adicionar os dados manualmente, como uma espécie de caderneta digital – até os automáticos, que vinculam as informações bancárias, cartões de crédito e categorizam o que entra e sai de acordo com os estabelecimentos (veja na página ao lado).

O estudante de Engenharia da Computação João Victor Carneiro, 23, diz que desde que começou a usar o aplicativo GnuCash, passou a ter mais consciência das despesas. “Às vezes não sabia direito como tinha gasto e comecei a fazer uso bem mais consciente. Hoje sobra mais dinheiro para  gastar com coisas que eu realmente gosto”.

Ele diz ter optado por esse aplicativo por ser de código aberto, livre distribuição e também por ter a função de sincronia com computadores.

Entre os apps deste tipo, o GuiaBolso, em operação há mais de dois anos, oferece o acompanhamento dos gastos e investimentos de forma automática, a partir do cruzamento de dados de contas em bancos e dos cartões de crédito.  “Criamos o GuiaBolso com a ideia de transformar a realidade do brasileiro. Vimos, após estudar o mercado, que faltava para as pessoas uma opção para organizar de forma automática as finanças. Hoje, temos três milhões de usuários ativos e, após uma pesquisa recente com os dados, observamos que o usuário economiza, em média, R$ 470 por mês e 25% das pessoas deixaram de usar o cheque especial”, garante o presidente da empresa, Thiago Alvarez.

Além dos aplicativos online, o usuário pode contar com aplicativos offline e manuais – nessas ferramentas, o indivíduo deve lançar as despesas, inclusive com arquivos gerados pelo banco – como o Minhas Economias, que tem 1,4 milhão de usuários cadastrados. Sem precisar consumir os dados móveis do pacote pago à operadora, o app requer  disciplina de quem usa.

“Muita gente acha que tem o controle do orçamento na cabeça, mas quando coloca no aplicativo o que  e onde gasta, pode verificar como gasta com supérfluos. Não advogamos contra gastar, mas é preciso haver um equilíbrio e, ao ter acesso ao orçamento, se consegue visualizar e fazer um planejamento com o que se gasta”, conta um dos fundadores do Minhas Economias, Paulo Sain. “Fazemos vários testes. As pessoas no geral não leem manuais, então desenvolvemos algo o mais intuitivo e simples possível. A partir dos comentários das pessoas, corrigimos”, completa.

Automáticos ou manuais, o educador financeiro Antônio de Júlio destaca que qualquer aplicativo, se efetivamente usado, pode de fato permitir ao usuário real controle do orçamento e a sua saúde financeira. “O que vale é realmente usar. Muitas pessoas baixam os aplicativos, mas não os alimenta, o que acaba não ajudando”, constata. 

Como usar
Para o educador financeiro Antônio de Júlio, a atenção com os gastos vem antes mesmo de começar a usar qualquer aplicativo para dispositivo móvel. “Vale sempre fazer uma análise antes de gastar, deve-se avaliar se será um gasto necessário. Fazer uma simulação é sempre a melhor amiga na hora de gastar, principalmente ao comprar por impulso”, observa.

Outra opção é logo no início do mês  inserir as despesas na plataforma. “Recomendo logo no primeiro dia do mês a fazer os lançamentos das despesas que já estão previstas, como as contas a pagar (água, energia elétrica, cartão, etc.)  e as de alimentação, que podem variar, lançar um valor aproximado. Também devem ser lançadas as receitas do mês, ou seja, o que irá receber. Com estas informações já é possível ter noção de como será o período e se será preciso cortar algo ou se haverá folga no orçamento”, indica Guerreiro.

Evite
Ao começar a usar as aplicações de controle de orçamento, é comum que os usuários, com o tempo, deixem de lançar os dados de receita e despesa ou acompanhar a evolução dos gatos. A dica aqui é deixar de lado o famoso “lembrar de cabeça”, e lançar do gasto mais simples, como a compra de um lanche ou café, ao mais complexo, como o parcelamento de um produto ou viagem. “O ‘lembro de cabeça’, faz com que as pessoas deixem de usar o app. O ideal é ter atenção e lançar tudo. Com os dados lançados, em mais ou menos quatro meses se tem um cenário próximo da realidade e é possível dimensionar com o que se tem gastado”, completa Guerreiro.

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Fonte: Correio