Jovem espancada e expulsa de ônibus em Salvador após tirar máscara tem alta médica e não se lembra de agressões
A jovem de 27 anos que foi espancada e expulsa de um ônibus em Salvador, após tirar a máscara por estar passando mal, disse que não se lembra das agressões. Ela teve alta médica do Hospital Professor Eládio Lasserre nesta sexta-feira (7).
O caso aconteceu na quarta-feira (5), na região da Estação Pirajá e Cíntia Santos precisou ser hospitalizada por causa das agressões. Ela ainda sente dores do lado esquerdo do corpo, onde está com o braço inchado.
A mãe dela, Diamantina Santos, contou que, ao questionar Cíntia da situação, ela não se lembrava de ter sofrido as agressões.
“Eu mostrei o vídeo e ela disse: ‘Mainha, é verdade mesmo isso o que está acontecendo? Eu não lembro de nada. Entrei no ônibus e falei: ‘está todo mundo em casa, todo mundo quieto com medo do coronavírus’. Foi tipo assim, uma brincadeira dentro do ônibus. Aí ela disse que, assim que tirou a máscara, ela tossiu, e aí disse que não lembra de nada”, conta Diamantina.
Na quinta-feira (6), Diamantina contou que Cíntia e dependente química e queria o tratamento para a filha como presente de Dia das Mães, comemorado neste domingo (10). Nesta sexta, ela se emocionou ao receber a oportunidade do tratamento para a filha.
“Eu queria de presente de Dia das Mães um tratamento para ela e esse tratamento chegou hoje. Meu coração agora está aliviado. Não está muito, porque ficar toda hora vendo a agressão de minha filha assim… Mas vendo ela agora, falando que vai aceitar e vai para o centro [de reabilitação] é muito gratificante. Eu estou feliz, muito feliz”.
O tratamento foi oferecido pela secretária de Promoção Social e Combate à Pobreza de Salvador, Ana Paula Matos, que esteve na casa de Cíntia para visitar a família.
“Cíntia estava bem emocionada, falou das dores. Mas o mais importante é que, quando a gente conversou olho no olho com ela, perguntou se ela queria acolhimento, se ela queria a oportunidade de uma nova vida, ela disse que sim e disse emocionada. Eu, que estou acostumada a lidar com gente, senti verdade nela, senti a vontade, principalmente pela emoção da mãe”, disse Ana Paula.
“Eu tenho a certeza que ela vai aproveitar bem essa oportunidade e vai começar uma nova vida. Nossos assistentes sociais estão conversando com ela, estão dando toda a assistência e ela vai ser encaminhada para uma unidade para mulheres, uma unidade de transição onde ela vai ter todo o atendimento que precisa e ela vai se livrar do uso abusivo de substâncias psicoativas”, disse a secretária.
‘Minha filha não é bicho, é gente’
Mulher é agredida e expulsa de ônibus por não usar máscara em Salvador — Foto: Reprodução/G1
Ainda na quinta-feira (6), Diamantina Santos falou sobre as agressões sofridas por Cíntia. Ela comparou a situação com uma briga entre animais.
“Quando eu vi aquele vídeo, que meu amigo mandou para mim, meu mundo naquele momento acabou. Foi desespero. Eu perguntei assim, a mim e a Deus: ‘Ali dentro daquele ônibus, será que só tinha bicho? Só tinha bicho ali dentro?’ Esse rapaz de blusa amarela [um dos agressores que aparece nas imagens], foi o que agrediu mais a minha filha. “, disse.
As imagens gravadas por passageiros mostram Cíntia sentada de máscara dentro do ônibus. Ela, então, tira a proteção do rosto e diz que está passando mal. Alguns passageiros se revoltam e começam a reclamar. Cíntia não coloca a máscara de volta ao rosto e passa a ser agredida com chutes na barriga e tapas. Depois disso, ela é expulsa pela porta central do ônibus.
Os homens que aparecem na gravação agredindo a jovem ainda não foram identificados. Ainda na quarta, a Polícia Militar informou que fez rondas na região onde o crime aconteceu, mas não localizou nenhum dos envolvidos. Não há informações se o caso é investigado.