Governos e instituições se preparam para nova onda de refugiados afegãos
O governo brasileiro divulgou nota em que expressa preocupação com a deterioração da situação no Afeganistão, e afirma ser necessário preservar os ganhos obtidos nas últimas décadas em relação aos direitos humanos, à democracia e ao desenvolvimento socioeconômico do país.
Governantes e instituições de diversas nações também se manifestaram sobre a situação dos afegãos, e anunciaram a intenção de acolher refugiados
As imagens já históricas do povo tentando fugir do Afeganistão têm um peso imenso para pessoas mostradas na reportagem. São afegãos que moram na Inglaterra há algum tempo e, nesses últimos dias, vivem uma angústia que se pode imaginar.
“É meu país… Uma situação muito triste e difícil. Eu ajudo pessoas lá, que agora ficam mandando vídeos, falando como estão as coisas. Você viu as imagens do aeroporto? Por isso, eu choro”, disse afegã.
Uma organização ajuda a comunidade afegã que vive em Londres ou nos arredores da cidade. Foi criada, inclusive, por um refugiado que saiu do Afeganistão em 1999, quando o país era comandado pelo Talibã. As pessoas hoje passaram o dia lá juntas, com as crianças, se ajudando e acompanhando o noticiário.
Uma mulher não fala muito bem inglês, mas se preparou para dizer o que está sentindo.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
“Esse é um dos piores momentos da história do Afeganistão. Políticos egoístas estão brincando com a vida de pessoas”, definiu.
Quem pôde saiu correndo de lá. O JN mostrou o embaixador da França em Cabul indo embora em um helicóptero militar.
Do Reino Unido, também são as Forças Armadas que estão trazendo cidadãos e funcionários da embaixada em Cabul, agora abandonada. Empresas aéreas vêm parando de sobrevoar o Afeganistão.
A Alemanha mandou até paraquedistas para retirar funcionários da embaixada. A primeira-ministra, Angela Merkel, quer resgatar dez mil pessoas, inclusive afegãos que trabalharam para o governo da Alemanha.
Mas foi da França que saiu a promessa mais contundente até agora: o presidente Emmanuel Macron disse que o país está de portas abertas para receber refugiados do Afeganistão.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, fez um apelo.
“Imploro aos líderes do Talibã que permitam que as pessoas saiam em segurança. O mundo todo vai acompanhar”, pediu.
A Anistia Internacional cobrou dos governos estrangeiros medidas para proteger pessoas que possam ser alvo de represálias do Talibã: ativistas, acadêmicos, jornalistas, defensores dos direitos das mulheres.
O Papa Francisco rezou pelo povo afegão e disse que se junta ao que chamou de preocupação “unânime” com o país.
A Rússia parece menos preocupada. O governo de Vladimir Putin vai manter a embaixada em Cabul porque recebeu garantias de segurança do Talibã.
A China expressou uma vontade de desenvolver “relações amistosas” com o grupo extremista. O maior jornal estatal chinês chegou a dizer, citando o Ministério do Exterior, que “a China respeita a escolha e a vontade do povo afegão”, como se tivesse havido uma eleição no país.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que ninguém deveria reconhecer o grupo extremista como um governo. Já existem relatos de abusos de Direitos Humanos, e os países europeus temem uma nova crise migratória. O medo de afegãs e afegãos é que quem consiga fugir do Talibã não seja recebido no Reino Unido.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
“Já começamos uma campanha para que o Reino Unido receba refugiados. Quando eu tinha 34 anos, vim para cá num contêiner com meus dois filhos pequenos. Acho que a situação agora vai ser ainda pior. Minha irmã está lá. Muita gente precisa de ajuda”, contou um afegão.