Rússia inicia nova fase na ofensiva contra Ucrânia e quadruplica bombardeios em Donbass
O governo da Rússia anunciou que quadruplicou os ataques no leste da Ucrânia, numa nova fase da guerra.
O presidente ucraniano confirmou uma ofensiva russa em larga escala na região separatista. Volodymyr Zelensky avisou que “uma parte muito grande de todo o exército russo foca agora no leste”. O Pentágono estimou que 70 mil invasores se concentram na região e que há várias semanas reforçaram a capacidade de fornecimento de combustível, comida e de reparos.
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A Rússia quadruplicou os bombardeios em 24 horas, mirando a logística ucraniana. O Ministério da Defesa anunciou ataques ao longo de 480 quilômetros em Donbass. Nessa área ficam Donetsk e Luhansk, duas regiões que o presidente russo reconheceu como independentes no dia 21 de fevereiro. Três dias depois, quando a guerra começou, quase dois terços delas estavam em mãos ucranianas. A Rússia já conquistou Kreminna, “atacando de todos os lados”, e também tenta chegar nos limites de Kherson.
A ambição no dia 24 de fevereiro parecia bem maior. A Rússia achou que marcharia a passadas largas até Kiev. A invasão aconteceu em várias ofensivas – inclusive com tropas descendo de Belarus. Os russos atacaram simultaneamente cidade grandes, como Chernihiv e Kharkiv, impedindo que as forças ucranianas corressem em socorro da capital. Só que a resistência surpreendeu e os combates estagnaram no subúrbio de Kiev.
Ao sul, os soldados partiram da Crimeia em direção a Kherson. A Rússia tomou a cidade no início de março. De lá, partiram ataques a cidades vizinhas: Mykolaiv, Zaporizhia e Mariupol – que resistiram com contra-ataques.
A fase anterior aconteceu em grandes centros urbanos e no final do inverno europeu. Os blindados russos tinham dificuldade de manobrar entre os prédios ou em terrenos mais pantanosos.
A Rússia tinha sofrido baixas pesadas em emboscadas. Agora, os confrontos tendem a ser mais diretos, com artilharias medindo força.
Donetsk e Luhansk têm cidades menores. As regiões são antigas produtoras de carvão e aço, mas com grande área rural. Os blindados russos vão conseguir se deslocar melhor por campos abertos.
O chefe da diplomacia da Rússia não escondeu que o objetivo é liberar Donetsk e Luhansk. A grande maioria da população fala russo. O Kremlin acusa a Ucrânia de perseguir etnias russas.
A Ucrânia declarou que duas ofensivas fracassaram em Donetsk. As forças ucranianas prometeram manter uma defesa “vigorosa” e teriam conseguido contra-atacar no sul de Kharkiv, nos limites com Donbass.
O leste concentra os militares mais bem treinados e equipados do país. Mas eles precisam do reforço de unidades desgastadas em batalhas tão distantes como Kiev. A Ucrânia é o segundo maior país da Europa – o maior é a Rússia.
A Ucrânia está pedindo mais armamento pesado, e o Reino Unido e os Estados Unidos prometeram mais sistemas de artilharia e blindados, e até a Alemanha, que vinha sendo criticada pelo presidente ucraniano por não mandar ajuda suficiente, agora fala em fornecer mais armas antitanques e de defesa aérea também.
O ministro russo da Defesa reclamou que o Ocidente está “fazendo de tudo para arrastar a operação militar da Rússia”. Sergei Shoigu declarou que “o volume crescente de suprimentos de armas estrangeiras força o regime ucraniano a lutar até a última posição”.
É isso que acontece em Mariupol – entre a região portuária e Donbass. As últimas forças ucranianas e o batalhão ultranacionalista de Azov estão barricados numa das maiores siderúrgicas da Europa. Forças especiais da Rússia teriam começado o ataque na usina até com bombas antibunker.
O Ministério da Defesa da Rússia propôs uma trégua para os militares ucranianos saírem dali. O comunicado aconselhou a não testarem o próprio destino.
A conquista liberaria a maioria para outras frentes. A resistência segura perto de 15 mil militares russos em Mariupol. Para vencer o bastião ucraniano, a Rússia quebrou junto a cidade.
Uma moradora fala que nasceu ali, ama o apartamento dela, Mariupol, mas agora está sem luz e água para lavar a roupa. Ela se sente sem saúde para continuar.
É o terceiro dia sem previsão de corredor humanitário em lugar nenhum. O governo ucraniano avisou que suspendeu as conversas de paz por causa da nova ofensiva. Ninguém sabe quando voltam a negociar.
fonte: Jornal Nacional