Um dia após BC subir juros para conter inflação, governo anuncia medidas para injetar R$ 150 bi na economia
Um dia depois de o Banco Central usar mais uma vez o aumento dos juros para combater a inflação, o governo federal anunciou medidas para aumentar o dinheiro em circulação na economia.
O lançamento foi feito em cerimônia no Palácio do Planalto. São três medidas provisórias e um decreto. Com o pacote, o governo pretende injetar mais de R$ 150 bilhões na economia este ano.
Para isso, vai permitir que o trabalhador saque até R$ 1 mil do FGTS, de 20 de abril até 15 de dezembro; vai ampliar a margem de empréstimo consignado de 35% para 40% do valor do benefício de aposentados e pensionistas; e quem recebe o BPC – Benefício de Prestação Continuada ou o Auxílio Brasil – também vai ter acesso a esse crédito.
O governo vai antecipar ainda o pagamento do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS. Serão duas parcelas pagas junto com o benefício mensal, a primeira de 25 de abril a 6 de maio; e a segunda de 25 de maio a 7 de junho.
Um programa de microcrédito digital simplificado deve beneficiar empreendedores com renda anual de até R$ 360 mil e permitir investimentos em pequenos negócios. Para pessoas físicas, o crédito pode chegar a R$ 1 mil, em até 24 parcelas com juros de 1,95% ao mês, inclusive para quem está com nome negativado. Para microempreendedores individuais, os MEIs, crédito de até R$ 3 mil, em até 24 parcelas, com taxas a partir de 1,99% ao mês.
Com esse pacote, batizado de Programa de Renda e Oportunidade, o governo pretende dar um fôlego no consumo, em um cenário em que a previsão de crescimento da economia vem encolhendo.
As medidas, no entanto, chegam um dia depois do Banco Central elevar a taxa de juros, na tentativa de baixar as expectativas de inflação.
“Aumento de produtividade, consolidação fiscal ou democratização de acesso a crédito: todas essas medidas têm vindo em ondas e hoje, por exemplo, vamos ver aqui reedição de duas ou três que foram muito bem sucedidas. Se a comida está mais cara, você tem antes? Vamos proteger. Deixa eles anteciparem o 13º para enfrentar agora o problema”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Segundo o economista Armando Castelar, da Fundação Getúlio Vargas, o governo e o Banco Central estão seguindo em direções opostas.
“O governo está preocupado com a demanda muito fraca este ano. As projeções de crescimento na faixa aí de 0,6 – é a nossa previsão -, que é basicamente nenhum crescimento ao longo do ano. Então, ele está tentando ver se consegue levantar o crescimento esse ano. O Banco Central está querendo segurar o crescimento em um certo sentido e, mais do que isso, o Banco Central está tentando controlar as expectativas, mostrando que ele está atento, mostrando que ele está fazendo alguma coisa”, afirma.
fonte: Jornal Nacional