Coronavírus: orientação muda e procura por máscaras de pano dispara
Em meio a pandemia de um vírus novo, é comum que novas informações cheguem a cada dia e provoque mudanças nas orientações. Desta vez, as novidades dizem respeito à orientação de uso de máscaras pelos brasileiros. Antes recomendadas apenas para os profissionais de saúde e quem estava infectado pelo coronavirus, as máscaras tiveram seu uso estendido para a população em geral, depois de uma declaração do ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Em entrevista concedida na tarde de quarta (1°), o titular da pasta defendeu o uso do equipamento como barreira física no combate ao coronavírus. “Acho que máscaras de pano para os comunitários funciona muito bem como barreira. Não é caro de fazer, faça você mesmo, faça e lave com água sanitária. Lave por 20 minutos, reaproveite. Agora é lutar com as armas que a gente tem”, disse Mandetta.
Na manhã da quinta-feira (2), o governador Rui Costa e o secretário de saúde do estado Fábio Vilas Boas incentivaram o uso de máscaras, inclusive para pessoas que não tenham sintomas. “Se você sai de máscara, você está ajudando a conter a propagação do vírus, inclusive nas superfícies. Então, se você vai à feira, vá com sua máscara, produza sua máscara do seu time, como você quiser, e você vai estar ajudando a conter o vírus na Bahia’, disse Rui em entrevista realizada nas redes sociais.
Apesar das orientações governamentais para uso geral do equipamento, quem trabalha diretamente no combate ao vírus faz ressalvas ao cuidado na hora da utilização. “A máscara de tecido está longe de ter a mesma eficiência das de uso hospitalar, mas ela atua como barreira para proteger das gotículas mais grosseiras’, explica Fábio Amorim, médico infectologista do Hospital Couto Maia. O profissional destaca, ainda, que é preciso cuidado na hora de usar o equipamento. “Não adianta colocar a máscara e ficar manipulando toda hora. O correto é, uma vez colocada, você só toca novamente nela para retirá-la. Manipulando toda hora você acaba condenando a máscara”, explica.
Diante da dificuldade de encontrar as máscaras industrializadas nas farmácias, a procura por quem produz os equipamentos de forma artesanal acabou crescendo. No atelier Acessórios Dona Flor (@donafloracessorios), por exemplo, foram 60 pedidos apenas na tarde da quarta-feira (1), quando o ministro modificou a orientação. ‘Eu faço tudo sozinha e já não estou conseguindo mais dar conta de responder todos os pedidos”, diz a empreendedora Carol Ataíde.
Apenas na manhã de quinta (2), mais 200 pedidos chegaram ao atelier, que é na verdade, a casa da empresária. “Comecei a fazer há uma semana quando um amigo médico já me deu essa orientação de que as máscaras deveriam ser usadas por todos, mas, agora, desde a mudança oficial, os pedidos pipocaram e cada pedido com 20, 30 unidades”, comenta. A máscara produzida por Carol sai a R$ 10 a unidade em tamanho adulto e R$ 8 o infantil. “Acaba que o boca a boca das amigas, e de quem compra, está ajudando muito a divulgar o trabalho”
A empreendedora Andrea Becker (@ateliedeabecker) começou um pouco antes, há cerca de um mês e vende o produto a R$ 15 a unidade. “Comecei a fazer porque tenho um idoso que é paciente oncológico em casa, então, a gente já bastante preocupado com a proteção”, explica ela, que vende, ainda, kits com quatro máscaras a R$ 50.