Putin acusa EUA de tentar levar Rússia a guerra contra Ucrânia e Otan
O presidente da Rússia falou nesta terça-feira (1º) sobre as circunstâncias que poderiam levar a um conflito armado com os países ocidentais por causa da Ucrânia. Vladimir Putin acusou os Estados Unidos de tentarem puxar os russos para uma guerra. A reportagem é dos enviados especiais a Kiev Pedro Vedova, Ernani Lemos e Igor Arroyo.
A caminhada interrompeu um silêncio de seis semanas. O líder enigmático deu a primeira entrevista coletiva desde que mobilizou mais de 100 mil homens na fronteira com a Ucrânia. A movimentação deixou em alerta o mundo, que teme uma nova guerra na Europa. Nesta terça, ao lado do parceiro da Hungria, o presidente russo falou sobre o que o preocupa.
“Vamos imaginar que a Ucrânia seja membro da Otan e comece com operações militares na Crimeia. A gente seria obrigado a ir para a guerra contra o bloco da Otan? Alguém pensou nisso? Aparentemente, não”, disse Putin.
Putin disse que está estudando as respostas dos Estados Unidos e da Otan aos pedidos dele, mas avisou: “Já podemos ver que as preocupações mais fundamentais da Rússia foram ignoradas: impedir a expansão da Otan, cancelar o envio de armas para perto da fronteira da Rússia e voltar as posições da Otan para onde estavam em 1997”.
Em 2021, Putin escreveu o artigo “Uma nação”. O presidente afirmou que russos e ucranianos eram um povo que compartilhava um único “espaço histórico e espiritual”. Ele chamou de trágico o surgimento de uma espécie de “muro” entre dois países irmãos.
A pesquisadora da Chatham House Orysia Lutsevych explicou ao Jornal Nacional que a Rússia se vê como perdedora da Guerra Fria. O governo russo demorou a recuperar a economia e a Otan se aproveitou.
Logo antes de Putin assumir o poder, a Aliança Militar do Ocidente começou uma expansão para o leste. Cinco viradas de casaca feriram ainda mais: os países bálticos – que eram três repúblicas soviéticas – e Polônia e Hungria, que eram do Pacto Varsóvia – a versão Oriental da Otan. A Ucrânia e a Georgia seriam os últimos amortecedores entre a Rússia e os rivais.
Apesar dos alertas de guerra, Putin disse que vai insistir no diálogo e conversar com o presidente da França. Emmanuel Macron tem sido um dos principais mediadores na tentativa de evitar uma guerra. Putin acha que os Estados Unidos usam a Ucrânia para travar o crescimento da Rússia.
O presidente da Ucrânia prometeu nesta terça-feira (1º) no Parlamento que quase dobraria o contingente militar: de 200 para 350 mil combatentes. Mesmo assim, a Rússia ainda teria quase que o triplo de militares. Volodymyr Zelensky aposta na diplomacia e corre atrás de mais uma rodada de conversa com representantes da França, da Alemanha, da Rússia – sem a interferência dos Estados Unidos.
O presidente ucraniano recebeu nesta terça o primeiro-ministro britânico. Boris Johnson já tinha mandado armas e militares para treinar o Exército da Ucrânia. E nesta terça anunciou um pacote de ajuda de 88 milhões de libras.
O primeiro-ministro declarou que a Rússia está apontando uma arma na cabeça da Ucrânia. Ele deixou claro que, se houver uma invasão, as sanções britânicas vão ser automáticas. Boris Johnson disse que vai falar com Putin na quarta-feira (2). Mas também vai ter que ouvir.
fonte: Jornal Nacional