Tá na boca da galera!
O espaço tem 900 metros quadrados, é composto por uma loja, área para banho, salão de festas (para cachorros), quartos para serviço de hospedagem, além de dois pátios, onde acontecem as atividades de recreação. A diária custa R$ 50, mas é possível fechar pacotes mensais com descontos.
A creche foi criada a partir do conceito de enriquecimento ambiental, que propõe dinamismo e interatividade para animais, proporcionando desafios físicos e mentais e possibilitando que eles expressem seus comportamentos naturais em ambientes artificiais. A técnica tem sido aplicada entre biólogos e veterinários de zoológicos desde a década de 70.
Segundo Ana Paula, o objetivo da creche é atender todos os tipos de cães, estimulando-os de diferentes formas tanto nos aspectos físicos quanto mentais. “Temos brinquedos diversos, como bolas, cordas, jogos de inteligência, além de piscina (em formato de osso), tocas, pneus, equipamentos com diferentes alturas. Tem atividades para todos os perfis”, garante.
No local, cães de menor e maior porte convivem juntos, assim como os de diferentes idades. Entretanto, eles ficam divididos em dois pátios, “de acordo com o comportamento de cada um, não de acordo com o nível de energia”. “O que a gente pretende é ter um ambiente em harmonia”, destaca Ana Paula.
A empresária observa que, historicamente e instintivamente, os cães têm como característica a vivência em matilha. Entretanto, atualmente é pouco comum a interação entre eles e, por isso, têm se tornado frequentes os casos de “ansiedade por separação”, demonstrada através de medo, agitação e nervosismo. “Muitos cães chegam aqui com essa característica, porque não têm convivência com outros pares e não sabem ficar longe dos tutores. Criá-los dessa forma , sem socialização, é um erro, e é contra a natureza deles”, ressalta.
Conforme Ana Paula, geralmente os adultos têm esse tipo de comportamento, não os filhotes, pois ainda estão aprendendo a viver e se habituando a uma rotina. Ela diz que, em casa, não é normal que o bicho chore, lata e destrua objetos e móveis quando está sozinho, por exemplo; tudo isso é sinal de “ansiedade por separação”.
Ana Paula informa que a maioria dos animais que frequentam a creche vive em apartamentos, e por isso são levados pelos donos. “É muito egoísmo a gente trabalhar o dia inteiro e deixar o cão trancado no apartamento esperando a gente voltar”, pontua Ana Paula, acrescentando que cães precisam gastar energia.
Para quem não pode colocar o cachorro em uma creche, ela recomenda algumas medidas simples, por exemplo passeios diários por diferentes locais – pois os cães também enjoam dos mesmos ambientes – e brincadeiras que estimulem as necessidades dos cães: caçar, roer, correr, farejar. “Não basta jogar uma bolinha. As brincadeiras devem diversificadas, inteligentes”, aconselha.
Ela lembra que em pet shops existem ossos e brinquedos que vão divertir os bichos e evitar que eles roam as coisas. Em casa, acrescenta, é possível espalhar ração por diferente pontos e escondê-la, criando um ‘caça-petiscos’ para o cão farejar, brincar e comer. A creche inclusive, não usa potes para alimentação, e sim técnicas para estimular as habilidades naturais de cada cão.
Ana Paula passou dois anos planejando a empresa, fazendo estudos de viabilidade financeira. Como já tinha vontade de investir em um negócio, juntou-se a outros dois sócios, que também têm cães, e apostou na ideia. Nenhum deles é profissional do ramo de veterinária, porém eles pesquisaram comportamento animal, fizeram cursos, tiveram consultorias e foram orientados tecnicamente por especialistas no assunto. Além disso, contam os serviços de uma veterinária.
A creche surgiu há apenas três meses e de lá para cá já ampliou o quadro de funcionários, de quatro para seis pessoas. O local pode receber até 50 animais, mas recebe em média metade da capacidade total. Para Ana Paula, os resultados são surpreendentes, com números acima do esperado.
O Brasil é atualmente o terceiro maior mercado do mundo em faturamento no setor pet, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
No ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que existem mais de 50 milhões de cães no país. Na Bahia, são aproximadamente 3 milhões de cachorros vivendo em ambientes domésticos, segundo o órgão. A cada 100 casas no estado, 35 possuem cães.