Corrida do milhão: conheça os três leiloeiros que podem ganhar R$ 3 milhões por venda do Espanhol

Comissão milionária corresponde a 1,5% do valor do negócio, de, no mínimo, R$ 195 milhões.

Muita gente nem sonha em ter R$ 3 milhões na conta bancária, mesmo economizando a vida toda. Ganhar tanto dinheiro assim de uma vez parece coisa que só acontece com quem acerta a loteria ou vence um reality show.

Mas três homens em Salvador estão prestes a ganhar uma quantia bem próxima a essa de uma vez só, fruto de uma comissão milionária. Darke Abreu, Rudival Júnior e Arthur Nunes são os leiloeiros que estão tentando vender o Hospital Espanhol.

A venda é resultado de uma ação judicial que determina que sejam quitadas os cerca de R$ 130 milhões que a instituição deve a 2.200 trabalhadores demitidos com o fechamento, em setembro de 2014.

Credenciados pelo Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5) a participar da corrida milionária, os três tentam conseguir uma boa proposta para comprar, administrar judicialmente, arrendar ou usufruir. O valor mínimo pela transação é de pouco mais de R$ 195 milhões.

No dia 10 de maio, as propostas serão abertas e analisadas pelo juiz responsável pela execução judicial da dívida do Espanhol, Thiago Ferraz, e por uma comissão de trabalhadores. É quando o novo milionário será conhecido.

Se tudo der certo e o negócio for fechado, o leiloeiro responsável por viabilizar o negócio leva sozinho 1,5% da quantia arrecadada. Se for mais de R$ 195 milhões, pode ganhar mais de R$ 3 milhões.

Caso nenhuma proposta seja aceita, o Hospital vai ser leiloado em junho. A regra para o arremate é o ‘quem dá mais’. No caso de o leilão não acontecer, nossos três corredores continuarão no lucro. Nesta etapa, a comissão sobe para 3% do valor total arrecadado e será dividido igualmente entre eles. Cada um leva para casa pelo menos R$1,9 milhão. 

Nenhum dos três recebeu uma oferta oficial, mas eles continuam na busca. No páreo, nenhum novato: cada um tem pelo menos uma década de experiência.  

Darke Abreu, 79 anos, já foi procurado por grupos de São Paulo, Rio de Janeiro e do Sul (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

 

Darke Abreu 
Dono de uma empresa de leilões que leva o seu nome, Darke Abreu, 79 anos, é o mais experiente dos três no jogo. Falante, ele tem o maior orgulho dos 47 anos que está no mercado, tendo participado de concorrências em todo o país.

Para ganhar a corrida, Darke aposta na vasta carteira de clientes. Só de pessoas que arremataram um bem através dele são quatro mil.

Ele adianta que já foi procurado por dois grupos empresariais do Rio Grande do Sul, por uma empresa de São Paulo e outra do Rio de Janeiro. Nenhum deles explicitou a modalidade de negócios em que está interessada. “Leilão é um jogo. Fica todo mundo escondendo as armas, as posições, ninguém abre totalmente. Só dá para saber o que vai acontecer na hora”, diz. Mesmo com o valor da comissão, ele não pretende largar a atividade em que atua hoje.  

Arthur Nunes, 47 anos, tem uma carteira de 25 mil clientes e continua correndo atrás (Foto: Almiro Lopes/CORREIO)

 

Arthur Nunes 
O mais tímido dos três leiloeiros  já tem doze anos de profissão e está enfrentando algumas dificuldades para conseguir fechar negócio. Artur Nunes, 47, afirma que quase conseguiu que um grupo enviasse uma proposta oficial.

Como o governador Rui Costa se pronunciou dizendo que tem a intenção de desapropriar o Espanhol e transformá-lo em uma unidade de atendimento pelo Planserv, o possível comprador deu para trás: “Ninguém quer investir milhões em um prédio que depois será desapropriado”.O entrave não o desanimou. Nunes  conta com uma rede de 25 mil clientes cadastrados. 

Rudival Júnior, 45 anos, sabe que a comissão poderia ser ainda maior que isso: R$ 9 milhões (Foto: Reprodução)

 

Rudival Junior 
O mais jovem dos três leiloeiros é também aquele que mais aposta na tecnologia. A fim de vencer a corrida milionária, além de usar as estratégias tradicionais, como anúncios em veículos de imprensa de alcance local e nacional, Rudival Júnior, 45, aposta nas mídias sociais como forma de atrair possíveis arrematantes.

“Fizemos uma campanha muito forte nas mídias sociais direcionada para grupos econômicos, ligados à Medicina, na área de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas e Bahia”, revela. Apesar disso, ele não abre mão do velho e bom contato pessoal com os seus clientes e foi atrás de pessoas ligadas a grupos de investidores nacionais e internacionais que já trabalham com esse negócio.

Em quase doze anos no negócio de leilões, Rudival é experiente, e sabe que poderia ganhar muito mais nesta operação. Ele revela que o Tribunal Regional do Trabalho determinou a redução na comissão de quem consegue viabilizar o fechamento do negócio.

“A comissão de mercado do leiloeiro é 5% e o TRT reduziu este valor para 1,5%”, diz. Ou seja, chegaria a R$ 9 milhões.

Fonte: Correio