É o Tchan volta à cena com vocalistas originais e busca novo público

É o Tchan volta à cena com vocalistas originais e busca novo público

“Quem nunca dançou o ‘Segura o Tchan’ ou fez os passinhos das nossas músicas ao lado da tia ou da avó nas festas de família?”, questiona Compadre Washington, um dos vocalistas do É o Tchan. Sucesso nos anos 90 e início dos anos 2000, a banda de axé completa duas décadas e volta ao cenário da música brasileira com parte de sua formação original –além de compadre, Beto Jamaica retornou ao grupo.

Já as famosas dançarinas que chamavam a atenção por suas curvas, Sheila Melo, Scheila Carvalho, Carla Perez, Aline Rosado, além do dançarino Jacaré, levam adiante outros projetos e ainda vivem da fama da “Dança do Bumbum”.

Propaganda ajudou

Para voltar à ativa, o É o Tchan contou com a ajuda da mídia. Bordões como “sabe de nada, inocente” e “ordinária”, ditos por Compadre Washington, atualmente aparecem em uma das propagandas mais famosas da TV. As frases se tornaram populares da internet, ganhando o título de “meme” -conteúdo adaptado de forma livre na web, que é compartilhado nas redes sociais e ganha inúmeras versões.

“Esse sucesso todo foi reflexo de uma construção musical que fizemos desde o Gera Samba (grupo que antecedeu o É o Tchan). Depois de 20 anos, esse comercial apareceu na mídia e nos ajudou muito. Estávamos meio escondidos, e ele alavancou muito a nossa retomada”, explicou Compadre, que ficou afastado da banda por mais de cinco anos e, atualmente, só fazia shows em Salvador. Ele aproveitou a volta da popularidade para compor o sucesso “Sabe de Nada, Inocente”, que hoje tem mais de 7 milhões de visualizações no YouTube.

Com poucos hits novos, a banda sobrevive dos momentos áureos do seu início, em 1994. De acordo com Beto Jamaica, o público mais velho vai aos shows movido por uma nostalgia daquela época. “O motivo disso é a qualidade musical do É o Tchan, e isso continua passando para os jovens. Agora, o público do Tchan está se renovando”, disse ele, que enfatiza que “será impossível fazer o mesmo sucesso que antes”.

Antes de se tornar É o Tchan em 1994, o grupo se apresentava com o nome de Gera Samba e tinha como dançarinas Carla Perez, que hoje é apresentadora do “Clube da Alegria”, programa da TV Aratu (filiada do SBT em Salvador), e Débora Brasil, que virou missionária e cantora gospel da Igreja Missão Mundial do Trono de Deus.

Beto Jamaica explica que a banda teve que mudar de nome porque começou a ter visibilidade nacional e já existia outra chamada Gera Samba. “O Gera era muito regional e caseiro, era só de Salvador. Sem dúvida, quando mudamos para a marca Tchan, foi realmente o nosso boom. O Tchan mudou as nossas vidas”, conta ele.

Para se ter uma ideia, o É o Tchan, desde quando era Gera Samba, vendeu de 1992 a 2007 um total de 6 milhões de álbuns no Brasil. Um de seus momentos mais marcantes foi a apresentação realizada no Festival de Jazz de Montreux de 1997, na Suíça.

Mesmo com conotação sexual explícita nas letras das músicas e as coreografias extremamente sensuais, Compadre Washington diz que todos eram “inocentes” e tudo não passava de uma brincadeira. Já a dançarina Sheila Mello, que entrou no lugar de Carla Perez em 1998, por meio de um concurso realizado no “Domingão do Faustão”, acredita que o motivo disso seja a “sexualidade latente”, do brasileiro, que é passada para a música.

“Olhando para a história da música, temos exemplos como ‘Rock das Aranhas’ [canção que foi censurada em 1980 devido à letra de cunho sexual] do maravilhoso Raul Seixas. E o que dizer de ‘Radinho de Pilha’ de Genival Lacerda, entre tantos outros exemplos? Eu não tenho certeza disso, mas acho que o sucesso chegou para todos e não sei se havia essa questão de as crianças ouvirem ou dançarem as músicas”, explicou ela, que está estudando para se formar em bioenergética e pretende atuar como preparadora corporal.

“Tenho vontade de sentir a emoção de novo” 

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“Lembro que, assim que ganhei o concurso, corri para o banheiro toda insegura e perguntei para a Scheila Carvalho o que teria que fazer. Entrei em julho de 1998,  e a primeira vez que eu tive noção da fama foi no Ano-Novo de 1999, quando tentei pular sete ondas como manda o ritual, em Mongaguá, e me vi correndo com uma multidão atrás de mim”, conta aos risos Sheila Mello, que diz ter realizado o seu maior sonho.

Depois de cinco anos, Sheila saiu do grupo. No entanto, ela ainda está nos holofotes e é sempre relembrada como a Loira do Tchan. A dançarina afirma que a Sheila Mello existiria sem o grupo, mas enfatiza que “a projeção para notoriedade quem deu foi a banda”.

A mesma visibilidade foi dada para Aline Rosado, que, em 2005, substituiu a morena Scheila Carvalho. Escolhida no programa “Domingo Legal”, Aline tinha somente 19 anos e acredita que venceu o concurso pelo seu carisma e não pelo corpo. Hoje, ela faz eventos pelo país e conta que ainda é reconhecida e contratada por ter sido a morena do É o Tchan.

“O É o Tchan deu essa abertura e me fez alçar voos mais altos. Ganho em torno R$ 1.500 e R$ 2 mil por evento e faço cerca 20 e 25 por mês. As pessoas lembram de mim, mesmo não sabendo meu nome”, conta ela, que admite que gostaria de participar de um show com a reunião de todos os ex-dançarinos do grupo, caso isso um dia aconteça.

Mesma vontade tem Sheila Mello, que também sonha em se reunir com o grupo nos 20 anos do É o Tchan. “Não digo voltar, mas que tenho vontade de sentir a emoção de um trio elétrico de novo, eu tenho”, afirma.

Já a morena Scheila Carvalho, que no ano passado participou do reality show “A Fazenda 6”, da Record, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não falará mais sobre o É o Tchan.