Em discurso ao Parlamento italiano, Zelensky diz que Ucrânia será porta de entrada das tropas russas para Europa

O presidente da UcrâniaVolodymyr Zelensky, fez um pronunciamento nesta terça-feira (22) no Parlamento italiano.

Não foi o discurso inflamado de outras vezes, que implorava pela ação direta da Otan no céu da Ucrânia, arriscando um conflito de grandes proporções. Um Volodymyr Zelensky mais sóbrio denunciou as mortes, principalmente de crianças – agora já são 117.

“Falo a vocês de Kiev, uma cidade que para a nossa região tem o mesmo significado de Roma para o mundo, como origem de uma cultura ancestral, e agora estamos à beira da sobrevivência”, disse.

Para a Roma que é sede da Organização das Nações Unidas para Alimentos e Agricultura, fez um alerta sobre o risco de fome, também em outros países:

“A Ucrânia sempre foi um dos maiores e mais importantes exportadores de alimentos. Mas como podemos semear sob a artilharia russa? Como podemos cultivar, quando nosso inimigo destrói nossos campos, destrói nosso combustível?”.

Zelensky disse que Vladimir Putin usa o dinheiro do petróleo e do gás para financiar a guerra, e que a Ucrânia será apenas a porta de entrada na Europa.

“O objetivo dele é influenciar as suas vidas, controlar sua política, destruir os seus valores, democracia, direitos humanos, liberdade. Mas a barbárie não deve entrar”, afirmou.

No fim, pediu sanções ainda mais duras: que a Itália proíba os navios russos de entrarem nos portos do país, incluindo os iates dos oligarcas russos, que vão passar as férias no Mediterrâneo.

O primeiro-ministro Mario Draghi respondeu que a Itália congelou mais de 800 milhões de euros dos ativos dos oligarcas e prometeu ajuda também com armas à resistência ucraniana, que chamou de heroica.

“A Itália quer que a Ucrânia faça parte da União Europeia”, afirmou Draghi. Ele lembrou que a Itália já recebeu mais de 60 mil refugiados ucranianos.

“Os italianos abriram as portas de suas casas e escolas, com aquele acolhimento que é o orgulho do nosso país”, disse o primeiro-ministro.

Antes do pronunciamento, o presidente ucraniano recebeu um telefonema do Papa Francisco. Zelensky convidou o Papa para ir à Ucrânia devastada pelas bombas. Ele comentou que Francisco disse que entende que ele quer a paz, e que deve se defender. O que para o presidente da Ucrânia soou como uma bênção.

fonte Jornal Nacional