Estudantes lutam para recuperar aprendizado que ficou para trás por causa da pandemia
Pelo Brasil, estudantes estão batalhando para recuperar o aprendizado que ficou para trás por causa da pandemia. Entre eles, alunos de escolas públicas de São Paulo.
A preparação para o vestibular e para o Enem sempre mexe com os nervos dos estudantes. Desde o início da pandemia, a tarefa ganhou mais obstáculos.
Aluna do terceiro ano do ensino médio de uma escola pública, Cristiane Reymundo só pode voltar pra sala de aula no fim do ano passado. Ela ainda conseguiu acompanhar as aulas online, diferente de muitos outros estudantes. Mesmo assim, diz que o aprendizado não foi o mesmo.
“São bastantes coisas que a gente não viu nesses últimos dois anos que caem bastante em vestibular e a gente não tem muito conhecimento sobre isso”, destaca.
Tem muito aluno preocupado com o conhecimento que ficou para trás nesses anos de pandemia. O coronavírus impôs mudanças e afetou os estudantes, principalmente os com pouco acesso à tecnologia e os que tiveram dificuldades de se adaptar às aulas remotas. O resultado é que um problema que já era crônico na educação se agravou.
O coordenador do grupo de pesquisas em avaliação educacional da Universidade de São Paulo analisou os dados do sistema de avaliação do rendimento escolar do estado, o Saresp.
Em 2019, os alunos do terceiro ano do ensino médio estavam com conhecimento em leitura atrasado em três anos. Na pandemia, em 2021, a defasagem ficou entre quatro e cinco anos. Em matemática, o atraso passou de quatro anos em 2019 para de cinco a seis no ano passado.
“Dos alunos que terminaram em São Paulo o ensino médio, 75% deles, em leitura, estavam abaixo daquilo que se considerava adequado para o término do ensino médio. Em matemática, 95% dos alunos estavam nessa situação”, aponta o professor Ocimar Alavarse.
O diretor da escola Hélder Vieira Miranda diz que mudou o planejamento das aulas para preencher as lacunas de aprendizado dos estudantes.
“A formação de turmas de recuperação paralela em horário de contraturno, a formação de turmas menores, de monitoria de estudo para dificuldades maiores que são identificadas”, enumera.
O estudante do terceiro ano Kayky Albuquerque tem até o fim do ano para colocar as matérias em dia e mandar bem no vestibular para Direito.
“Eu armei uma rotina em casa. Assim que eu chego da escola, eu já almoço, tomo um banho, e começo a estudar até umas 18h. Depois eu relaxo um pouco, pego para fazer alguma atividade da escola, alguma atividade que os professores tenham passado”, conta.
Nessa corrida contra o relógio, além de aulas extras, alunos e professores precisam de acolhimento e apoio, dizem os especialistas.
“Todo mundo está no mesmo barco. Então, a gente precisa receber e acolher, e trabalhar em conjunto para que todo mundo consiga sair bem disso”, acredita o diretor Helder.
“O caminho para reverter essa questão é um caminho de priorizar a educação – aumentar o tempo dos estudantes nas escolas, encantar os estudantes para o ingresso na universidade e, por último, é preciso pensar em políticas econômicas que deem condições para as famílias, de manterem os seus jovens nas escolas de ensino médio, e também no ingresso à universidade”, afirma Daniel Cara, professor de Educação da USP.
A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo disse que implantou vários programas para ajudar na recuperação da aprendizagem dos alunos, entre eles, a expansão do ensino integral e um programa que dá bolsa de R$ 1 mil a alunos de maior vulnerabilidade para combater a evasão escolar.
fonte: Jornal Nacional