Exames de DNA de parentes de desaparecidos ajudam na identificação das vítimas do temporal em Petrópolis
Parentes de pessoas desaparecidas no temporal de Petrópolis começaram a fazer teste de DNA para ajudar na identificação das vítimas. Ainda há 89 desaparecidos e 181 mortes confirmadas.
Como voltar à normalidade diante de uma cidade destruída e centenas de famílias destroçadas? As escolas e muitos bancos estão fechados. O trânsito não flui e parte dos comerciantes ainda não conseguiu reabrir as portas.
“A maioria das coisas que estava no salão foi embora. Molhou tudo, estragou tudo. Não tem muito o que falar, não tem muito o que dizer. Foi triste. Perda total”, diz Luana Machado, funcionária de um salão de beleza.
Um cinema, sem filmes em cartaz, escreveu no letreiro o que os moradores mais precisam agora: “Fé, força, união”.
Nesta segunda-feira (21), a Polícia Civil começou um mutirão para identificar vítimas. Peritos coletam material genético de parentes de desaparecidos para fazer exame de DNA.
“O objetivo é confrontar amostra genética do familiar que está com ente desaparecido com cadáver não identificado”, explica a delegada Elen Souto.
Francisca Cláudia Nascimento Maranguape perdeu os três filhos no Alto da Serra. Ela ainda não encontrou a mais velha, de 13 anos. Por isso, decidiu fazer o teste de DNA: “Está muito triste, não estou nem acreditando, não”.
Ana Cristina Rodrigues Fontes está em busca do pai: “Ele sendo idoso, o documento dele é muito antigo e ele não era do estado. Então dificulta mais ainda essa identificação. Talvez através do DNA a gente consiga uma resposta mais rapidamente”.
Equipes de resgate de 13 estados e do Distrito Federal estão empenhadas nas buscas. Neste momento, cães farejadores são fundamentais para localizar os desaparecidos embaixo de lama e escombros. São 54 animais nesse trabalho.
A tragédia de terça-feira passada (15) já é a maior da história de Petrópolis. Nesta segunda-feira (21), as buscas se concentraram em sete pontos, um deles, a Vila Felipe. Do início da madrugada até o fim da tarde, oito corpos foram encontrados na região. Máquinas ajudam a abrir caminho e dão acesso aos lugares mais difíceis.
A Defesa Civil estima que 80 casas foram atingidas só no Morro da Oficina, o local onde há o maior número de vítimas, 62 até agora. Significa que de cada três mortes, uma foi na região.
Chuva e trovoadas voltaram a trazer medo e apreensão para os moradores no fim da tarde. As buscas foram interrompidas novamente. Muita água voltou a escorrer dos barrancos sem proteção, tornando o terreno ainda mais frágil. E novamente houve correria. Uma casa desabou na Vila Felipe.
“Caiu total. Não tinha ninguém dentro da casa”, conta Sebastião Muniz, morador da Vila Felipe.
Bombeiros e voluntários retiraram moradores de uma casa vizinha. Mais casas foram interditadas, deixando muita gente sem saber o que fazer.
“É uma dor que a gente não sabe o que vai acontecer para frente. Muito complicado”, lamenta um morador.
fonte: Jornal Nacional