Grito dos isolados: ausência do povo no 2 de Julho por causa da pandemia desafia a buscar novas formas de ocupar projeto nacional

Sem desfile, sem fanfarras, sem protestos, sem palanque. O dia em que é celebrado a Independência do Brasil na Bahia não é nem mais feriado, ao menos em 2020. O tradicional, combativo e resistente 2 de Julho acontece pela primeira vez sem o principal personagem durante todos esses 197 anos de história: o povo.

Por causa da pandemia do novo coronavírus, as comemorações de uma das festas mais tradicionais na Bahia não serão realizadas. Não no formato habitual, que seria com festa e caminhada pelas ruas de Salvador. No lugar, uma programação online extensa foi criada para evitar aglomerações.

Porém, é a partir da perspectiva popular que o 2 de Julho deve ser pensado, como defende a professora doutora em História Social pela Universidade Estadual de Campinas, Wlamyra Albuquerque. “Posso ser uma historiadora iconoclasta, mas poderíamos dividir as luzes que se colocam nos heróis tradicionais para esses outros heróis anônimos que carregam as bandeiras dos direitos todos os anos”.

professora doutora em História Social pela Universidade Estadual de Campinas, Wlamyra Albuquerque — Foto: Arquivo pessoal

professora doutora em História Social pela Universidade Estadual de Campinas, Wlamyra Albuquerque — Foto: Arquivo pessoal

Doutora Wlamyra é estudiosa da festa do 2 de julho no começo da República. A origem da festa é a celebração do fim do domínio português no Brasil e desde então sempre carrega as tensões e as disputas do período, da cena da época.