Operação do MP do Rio apreende quase R$ 2 milhões em dinheiro na casa de delegada
O Ministério Público do Rio prendeu, nesta terça-feira (10), 12 pessoas por envolvimento com uma quadrilha que comandava uma rede de jogos de azar. Entre elas, dois delegados.
Foram encontrados R$ 1.765.300,00 divididos em malas e sacolas de lojas de luxo. Tudo isso estava na casa da delegada licenciada Adriana Belém. Foi necessário um carrinho de supermercado para retirar o dinheiro. As investigações apontam que ela está ligada a organização criminosa que comanda uma rede de jogos de azar em diversos estados do país.
A delegada licenciada Adriana Belém foi denunciada, inicialmente, por corrupção passiva. Mas, diante de todo dinheiro encontrado na casa dela, no início da tarde, os promotores pediram e a Justiça expediu o mandado de prisão. Para os investigadores, a quantia é um forte indício de lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público, a rede de jogos ilegais era explorada pelo bicheiro Rogério de Andrade e pelo PM reformado Ronnie Lessa, réu no caso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados em março de 2018.
Rogério de Andrade e Ronnie Lessa abriram diversas casas de apostas e bingos com o apoio de policiais que recebiam propina. Em julho de 2018, a polícia fechou um destes bingos e apreendeu cerca de 80 caça-níqueis, mas a organização criminosa conseguiu retirar as máquinas na delegacia, na época comandada por Adriana Belém.
Outro delegado preso na operação desta terça-feira, Marcos Cipriano, teria participado das negociações.
“Essa reunião intermediada pelo doutor Marcos Cipriano proporcionou que Ronnie Lessa se encontrasse com ela e, a partir dali, começaram as tratativas para essa retirada de máquinas”, explica o promotor Fabiano Cossermeli.
Em áudio enviado a um inspetor subordinado a Adriana Belém, Ronnie Lessa avisa que mandou caminhões para buscar as máquinas: “Bom dia, irmão. Os caminhões estão aí. Você precisava da presença de alguém? Ou é melhor só eles aí? Os garotos estão aí já. Aí depois, quando tu puder, me dá um retorno aí. Qualquer coisa, a gente está aqui perto.”
Na casa do delegado Marcos Cipriano, os agentes encontraram uma cópia decisão judicial que determinou a prisão dele.
“Isso indica, claro que indica, um vazamento da operação e isso vai ser apurado no momento oportuno, né? Imediatamente, nas instâncias cabíveis”, afirma Bruno Gangoni, coordenador do Gaeco.
Rogério de Andrade e o filho estão sendo procurados. A Justiça aceitou um pedido do Ministério Público para incluir o nome do bicheiro na lista vermelha da Interpol. Ronnie Lessa está preso desde março de 2019.
A operação desta terça-feira foi comandada pela mesma força tarefa do MP para o caso Marielle Franco e Anderson Gomes. Durante a entrevista, os promotores foram perguntados sobre uma eventual ligação de Rogério de Andrade com os assassinatos. Os promotores disseram que todas as linhas vão ser investigadas, mas até agora não existe prova dessa ligação.
A defesa de Ronnie Lessa afirmou que ainda precisa saber se há, de fato, alguma acusação contra ele.
As defesas de Rogério de Andrade, do delegado Marcos Cipriano e de Adriana Belém disseram que a prisão dos clientes era desnecessária, e que eles provarão sua inocência.
fonte: Jornal Nacional