Porto de Salvador tem movimento recorde de cargas
Com localização privilegiada na costa brasileira, equipamento precisa de investimentos para crescer mais.
Com localização privilegiada na costa brasileira, o Porto de Salvador pode aumentar seu potencial de movimentação de cargas a partir de novos investimentos. Especialistas indicam a necessidade de ampliação dos berços, áreas onde os navios atracam, e a aquisição de novos equipamentos para garantir a competitividade do equipamento e manter Salvador na rota do comércio internacional.
No ano passado, o Porto de Salvador registrou a maior movimentação de cargas em toda sua história, com um recorde de 4,5 milhões de toneladas, superando a marca de 4,3 milhões de toneladas, que foi registrada em 2014.
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Este ano, já passaram pelo local – que abriga um terminal de cargas gerais, um terminal de contêineres e um terminal de passageiros – 119 embarcações, que já movimentaram mais de 745 mil cargas.
Evolução constante
O tamanho dos navios está em constante crescimento e, por isso, os portos precisam estar em evolução constante. No caso do Porto de Salvador, os dois berços, de 240 metros e de 347 metros, atendem à demanda atual, mas precisam ser ampliados para receber novas gerações de navios, cada vez maiores.
A média atual é de 300 metros de comprimento de cada embarcação, mas a tendência é que essa medida também seja ampliada nos próximos dois anos. “Nos últimos 17 anos, os tamanhos passaram de 180 para 300. Em dois anos serão 366 metros, torna-se imperativo a adequação, continuar atendendo esses navios que acabam sendo responsáveis por toda carga que entra por contêineres na Bahia”, explica o diretor do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador (Tecon Salvador), Delmir Lourenço.
Além de receber cargas que atendem às demandas da Bahia, o porto também é entrada de mercadorias para atender outras regiões do país. “Hoje nós já temos escalado em Salvador navios com 300 metros de comprimento, esperamos que em 2 anos, eles tenham 367 metros. Esse berço de 240 metros já está obsoleto para atender navios maiores, e isso ficará mais evidente ainda”, avalia Lourenço.
Diversificação
Um dos segmentos que atende a outros estados é o da energia renovável, por meio do transporte de peças que são utilizadas na operação das usinas. “Nosso terminal de contêineres, dentro dos portos do Nordeste, se destaca porque grande parte dos equipamentos que entram para atender às usinas eólicas, mesmo que não seja para a Bahia, vem para cá. Nós temos condição de infraestrutura, temos equipe especializada e acostumada a lidar com esses equipamentos”, diz Lourenço.
Agora, o principal investimento necessário é no intuito de ampliar o berço e construir outros 423 metros de área para a atracação de navios. “Esses dois berços não são lineares, têm um ponto de flexão, faz com que eles não possam ser usados por dois navios e aí sim restabelecer as condições de receber os maiores navios”, completa.
Superporto
Para o presidente da Associação de Usuários dos Portos da Bahia (Usuport), Marconi Andraos Oliveira, o porto tem condições de ser transformado em um superporto. “Nós defendemos que tenha um superporto aqui na Bahia, com dois terminais de contêineres, a expansão do existente, e outra área a ser licitada, para criar condições e atender uma demanda maior. É a vocação natural de Salvador”, explica.
Andraos destaca que as características naturais do porto contribuem para que se possa investir na ampliação e garantir a sua competitividade. “Quando tem um porto de dimensões competitivas, um local de passagem de forma altamente produtiva faz com que a movimentação de cargas através dele traga desenvolvimento regional. Daqui temos as menores distâncias, o menor caminho é sair por Salvador, seja importação, exportação ou cabotagem”, analisa o empresário.
Marco regulatório
Mas não só de cargas vive o porto, que recebe também cruzeiros turísticos durante todo o ano. O terminal foi reformado, mas, segundo especialistas é preciso investir para que ele se integre mais à cidade. “Já teve um grande avanço, mas o porto teria que se integrar melhor com o bairro do Comércio”, acredita o diretor da Intermarítima, Matheus Oliva. Oliva ressalta também a importância de um marco regulatório que dê segurança para que os investidores façam as melhorias estruturais necessárias. “A operação logística depende de boa infraestrutura e de equipamentos apropriados”, defende. Segundo ele, as condições naturais para a operação portuária na capital baiana são perfeitas. “ Só dependemos de mais investimentos”, defende.
Apesar de o porto ser público, os investimentos devem ser privados para garantir as melhorias necessárias. “É preciso ter melhor clareza jurídica, uma regulação menos burocrática e mais pró-investimentos, que vai atrair indústrias, geração de empregos. É um ciclo”, pontua.
Oliva destaca que a sociedade soteropolitana precisa entender o porto como um bem maior. “Apenas Tecon e Intermarítima investiram nos últimos anos. Precisa se pensar o porto como um todo, que precisa de competitividade”, diz.
Fote: Correio