Primeira-ministra do Reino Unido renuncia ao cargo 45 dias depois da posse
A primeira-ministra do Reino Unido renunciou ao cargo um mês e meio depois da posse.
O mandato durou menos que o tempo de campanha. A breve história de Liz Truss no governo britânico pode ser contada em segundos. Ela foi eleita no mês passado; tomou posse oficialmente, ainda com a rainha Elizabeth; depois encontrou o novo monarca, rei Charles; anunciou o plano econômico – considerado um desastre; recuou, diante das fortes críticas; demitiu o ministro da Economia e nomeou outro, que mudou quase todas as medidas fiscais dela.
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Desde então, Truss se tornou uma coadjuvante nas decisões do governo, uma primeira-ministra mais fraca que os próprios ministros. Na quarta-feira (19), foi ridicularizada no Parlamento e perdeu mais uma aliada de primeiro escalão. Nesta quinta-feira (20), sem apoio até dentro do próprio partido, pediu para sair.
No discurso de despedida, ela disse que assumiu um país mergulhado em instabilidade econômica, culpou o contexto internacional e a guerra na Ucrânia e destacou o que fez até aqui, como a ajuda nas contas de energia. Truss afirmou que fica no cargo até que um novo primeiro-ministro seja eleito.
Foi a mais rápida passagem por Downing Street em toda a democracia britânica. Ela ficou só 45 dias no cargo até a renúncia. Cabe agora ao partido dela, o Conservador, escolher um novo primeiro-ministro. Vai ser o quarto nome em apenas quatro anos.
O partido quer rapidez e já abriu um processo eleitoral que vai no máximo até o fim da semana que vem. Hoje, o nome mais forte do governo é o do atual ministro da Economia, Jeremy Hunt, que conseguiu acalmar os mercados e reestruturar a política fiscal do país, mas ele já disse que está fora da disputa.
Entre os mais cotados estão: Rishi Sunak, que já foi ministro da Economia, e perdeu a última eleição para Liz Truss; Penny Mourdaunt, que também participou da votação anterior e é a atual líder do governo na Câmara; e Ben Wallace, ministro da Defesa.
Mas um nome entre os favoritos chama muito a atenção: Boris Johnson. É que não faz nem dois meses que ele renunciou, depois de várias crises e de uma debandada de ministros e funcionários do gabinete. Mas legalmente nada o impede de participar da votação.
O mandato do Partido Conservador, que tem a maior bancada no Parlamento, vai até 2025. É por isso que o novo governante vai sair de uma eleição interna.
A oposição pede para os conservadores anteciparem as eleições gerais. O líder do Partido Trabalhista disse que isso já virou uma bagunça, uma novela, e que o país não pode viver numa porta giratória de caos.
Por essa porta, Liz Truss mal entrou e já está saindo, sem apoio, sem credibilidade, mas não sem história. Ela vai ser para sempre lembrada na história britânica pelo mais curto mandato como chefe de governo, pelo menos até aqui.
fonte: Jornal Nacional