Segurança que matou adolescentes em trem se entrega à polícia

O momento em que o segurança Júlio César Perpétuo (algemado) chega à 3ª Delegacia de Homicídios.

O momento em que o segurança Júlio César Perpétuo (algemado) chega à 3ª Delegacia de Homicídios - Foto: Mila Cordeiro l Ag. A TARDE
Foto: Mila Cordeiro l Ag. A TARDE

 

Após cinco dias foragido, o segurança Júlio César de Jesus Perpétuo, 33 anos, se apresentou na tarde desta quarta-feira, 3, no Departamento de Homicídios (DHPP), na Pituba, em Salvador, acompanhado de dois advogados.

Ele confessou à delegada Pilly Dantas, da 3ª Delegacia de Homicídios Baía de Todos-os-Santos (3ª DH- BTS), ter atirado e matado os adolescentes Cleidson Pereira Santos, 15, e David Cruz Barreto, 16, no último dia 27 de abril, na estação ferroviária de Santa Luzia do Lobato, no subúrbio, após, segundo alegou, ter sido ameaçado de morte pelos garotos. Júlio era funcionário da empresa MJR Segurança e trabalhava no terminal de trem desde junho do ano passado.

Na mesma ação, outros dois jovens também foram baleados pelo segurança. Um deles seguia internado no Hospital do Subúrbio até a noite desta quarta.

Segundo a delegada, Júlio relatou que o crime foi motivado após uma discussão dentro de um dos vagões, depois que os garotos tentaram impedir o fechamento de uma das portas. Ele disse já vir sendo ameaçado, inclusive de morte.

A discussão ocorreu no início da tarde, quando os jovens seguiam para a escola, e o crime, algumas horas depois, no retorno para casa. “O segurança disse que as brigas eram porque ele tentava seguir a regulamentação para evitar confusões e que pessoas viajassem sem pagar, o que desagradaria os adolescentes”, contou a delegada.

Dois processos

Conforme Pilly Dantas, Júlio já responde a dois processos por violência doméstica e abuso sexual infantil – suspeito de atacar a filha de 2 anos. Ele foi autuado por duplo homicídio e por três tentativas de homicídio, pois também tentou atirar no irmão de Cleidson, segundo Dantas. O jovem não foi atingido. Júlio teve o mandado de prisão temporária cumprido e segue custodiado na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), na Baixa do Fiscal.

O segurança afirmou que no dia do crime saiu de casa para trabalhar armado, pois temia pela própria vida. A arma, um revólver calibre 38, usada no crime pertencia a ele e foi adquirida há cinco anos, segundo a delegada Pilly Dantas. Júlio falou que, durante o tempo em que permaneceu foragido estava na casa de um amigo, no bairro do Uruguai.

A delegada não acredita e disse que testemunhas o viram em Salinas da Margarida, no Recôncavo, a 68 km de Salvador.

Fonte: A Tarde