TARIFA: Por que a CLN tem pedágio mais caro e é a única que cobra valor diferenciado nos feriados?
Motoristas e passageiros que trafegam pela BA-099, mais conhecida como Estrada do Coco, convivem, desde o ano 2000, com o famoso pedágio da Concessionária Litoral Norte (CLN). Considerado o mais caro da Bahia, ele ainda apresenta uma característica que o diferencia dos outros: preços mais elevados aos sábados, domingos e feriados.
De acordo com a assessoria da Agerba, agência estadual responsável pela regulação e fiscalização deste tipo de serviço, o chamado “subsídio cruzado” está previsto no contrato assinado com a empresa e é praticado em diversas rodovias do Brasil.
Há ainda, de acordo com o órgão, uma justificativa financeira para o fato. A tarifa cobrada durante os finais de semana e feriados, quando o fluxo de passageiros é maior, já que se trata de uma região turística, “patrocina” a arrecadada nos chamados dias úteis. Ou seja, caso a medida não fosse adotada, a tendência é que os valores cobrados nos “dias normais” fossem maiores do que os atuais.
Atualmente, 19 mil veículos trafegam, em média, pelo local. Confira abaixo tabela de preços. Os valores foram reajustados no último dia 19 de abril:
IRRITAÇÃO
As explicações, entretanto, não convencem os usuários do sistema, como o funcionário público Ricardo Neiva, 48 anos. “Isso (preço diferenciado) é uma loucura, porque você prejudica a população duas vezes. É um valor absurdo cobrado, principalmente durante os finais de semana, sem retorno para o usuário”.
Neiva critica o serviço oferecido pela CLN, que classifica como “muito aquém do valor praticado”. E diz mais: “há locais, como na região de Baixios, que você só sabe que é de responsabilidade da CLN porque há placas. Nunca me bati com um carro deles após a região de Sauípe”.
Em sua defesa, a empresa aponta que, desde que assumiu a concessão da BA-099, implementou melhorias que elevaram o padrão de qualidade da rodovia. Ainda segundo a CLN, é preciso observar que, no seu caso, existe uma única praça de pedágio ao longo dos 217 quilômetros administrados, fato que não se repete em outros contratos.
O fluxo de quase 20 mil veículos por dia é, ainda de acordo com a CLN, menor do que o da maioria dos outros trechos pedagiados da Bahia, o que justificaria o preço maior. Esses fatores são apontados como determinantes para a formação do valor básico da tarifa e, na maioria das vezes, são inversamente proporcionais, ou seja, quanto mais praças e mais veículos pagantes, menor é a tarifa.
Para Ricardo, essa “é uma medida burra. Como a atual situação econômica, você diminui a quantidade de pessoas, pois muitas desistem ou buscam alternativas. Quem vai por dentro de Abrantes, por exemplo, escapa do pedágio”.
Outra reclamação comum é o fato de a duplicação da pista, obra prevista em contrato, terminar na Praia do Forte. A Agerba explica que pela contagem de tráfego a partir deste ponto, não há necessidade de duplicar toda a extensão da via. O órgão afirma ainda que a pista está em bom estado de conservação e conta com acostamento.
Questionada sobre algum projeto de intervenção para ampliar a obra, a CLN foi taxativa ao responder que isso não vai acontecer, pois não está previsto em contrato.
A assessoria da empresa esclareceu ainda que ela disponibiliza centrais para ligação e telefones de emergência a cada dois quilômetros sobre seu trecho de operação, fato que é contestado por Neiva: “Eu queria ver isso. Não tem! Quem desce para Aracaju sabe que isso é mentira! Passou da Praia do Forte, os usuários são entregues ao Deus dará”.
Fonte: Aratu Online