Ucrânia decreta estado de emergência e anuncia que Rússia aprovou ofensiva contra o país
A situação da crise no Leste da Europa piorou nas últimas horas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou na noite desta quarta-feira (23), em pronunciamento à nação, que a Rússia aprovou uma ofensiva contra a Ucrânia e que o presidente russo, Vladimir Putin, não respondeu a um convite dele para uma reunião.
Mais cedo, a Ucrânia decretou estado de emergência de 30 dias nas regiões do país sobre as quais ainda tem controle. Isso exclui, claro, as áreas ocupadas pelos separatistas pró-Rússia.
Imagens de satélite mostraram mais soldados e equipamentos militares russos perto da fronteira com a Ucrânia, mas não existe só essa forma de atacar.
No meio da tarde na Ucrânia, o Centro de Comunicações Estratégicas avisou que o país estava sofrendo um ataque cibernético em larga escala – sites do governo e de bancos saíram do ar. Os russos negaram envolvimento.
Esse novo dia de tensão teve relatos de mais confrontos entre separatistas pró-Rússia e forças ucranianas na região de Donbass, onde ficam as duas províncias que o governo russo reconheceu como independentes. Um soldado ucraniano teria morrido.
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Essa crise está, na prática, empurrando ainda mais a Ucrânia para o Ocidente. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se encontrou com dois parceiros nesta quarta-feira (22): o chefe de governo da Lituânia, que também é uma ex-república soviética, e o da Polônia.
Tanto Polônia quanto Lituânia fazem parte da União Europeia e da aliança militar do Ocidente, a Otan. A Polônia tem uma preocupação específica com essa crise porque, em uma eventual guerra, seria um caminho natural de refugiados ucranianos.
Zelensky falou que “o futuro da segurança da Europa está sendo decidido agora”.
A maioria do continente está unida em apoio à Ucrânia. O governo britânico, por exemplo, anunciou que vai mandar mais armas de defesa. Além disso, quer tirar do ar no país o principal canal de televisão estatal da Rússia. O argumento é de que a emissora é uma das principais ferramentas de desinformação do governo russo.
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Nesta quarta-feira, o líder separatista de Donetsk se encontrou com um político do partido de Vladimir Putin. Os dois disseram que militares russos ainda não estão na região de Donbass – informação que tem sido muito contestada.
O colega de partido de Putin falou que os soldados só vão entrar se os líderes separatistas pedirem. E foi o que aconteceu na noite desta quarta, segundo o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia. Ele acaba de pedir uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Dmytro Kuleba disse que o pedido de ajuda militar à Rússia, feito por separatistas do leste da Ucrânia, é mais um escalada da tensão no país.
Enquanto isso, o presidente da Rússia continua na estratégia de, ao mesmo tempo, marcar posição e se mostrar disposto a uma solução diplomática. Nesta quarta-feira, Putin disse:
“Nosso país está sempre aberto a um diálogo direto e honesto. Mas quero repetir que os interesses da Rússia e a segurança de nosso povo são incondicionais. Por isso, vamos continuar fortalecendo e modernizando nosso exército e nossa Marinha, aumentando a eficiência com equipamentos mais avançados.”
Nesta quarta, o governo russo retirou funcionários da embaixada na capital ucraniana. Imagens chamaram atenção: uma fumaça saindo da chaminé da embaixada russa em Kiev. Dois homens tiraram caixas de papelão da embaixada.
fonte: Jornal Nacional