UFRN será a 1ª instituição de ensino no Brasil a realizar pesquisas científicas com derivados de cannabis
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte se tornou a primeira instituição de ensino no Brasil a poder cultivar a planta da cannabis para pesquisas científicas.
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Flor tem 12 anos. Ela nasceu com paralisia cerebral, por falta de oxigenação no parto, e desenvolveu uma epilepsia refratária, sem controle. Tinha até 100 convulsões por dia.
“Era de hora em hora, chegava a hora de ela ter 20 crises numa hora”, diz Lusia Saraiva, mãe de Flor.
O quadro só começou a melhorar há sete anos, quando ela teve acesso ao tratamento com óleo de cannabis, uma substância extraída da planta de maconha. O óleo é de uma ONG na Paraíba, que conseguiu na Justiça o direito de produção.
“Hoje a gente conta em torno de 8 a 10 crises por dia. Em dias piores, ela chega a ter 20, 30. Em dias bons, 5, diz Lusia Saraiva.
O quadro só começou a melhorar há sete anos, quando ela teve acesso ao tratamento com óleo de cannabis, uma substância extraída da planta de maconha. O óleo é de uma ONG na Paraíba, que conseguiu na Justiça o direito de produção.
Até agora, o Brasil ainda não tinha nenhuma instituição de ensino autorizada a cultivar a planta para pesquisa e geração de dados científicos. Semana passada, a Anvisa garantiu esse direito à Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
“Nós tínhamos um histórico de não autorização para fazer o cultivo da planta. Então, as pesquisas no Brasil ficavam limitadas a importação de material já processado do exterior. Isso limitava muito o andamento das pesquisas”, diz o reitor da UFRN, Daniel Diniz.
A partir de agora, a UFRN está autorizada a importar, armazenar e cultivar sementes da cannabis, desde que obedeça alguns critérios de segurança:
- o plantio deverá ser em ambiente fechado, com acesso controlado de pessoas registradas;
- todo o local será monitorado por vídeo, com vigilância armada em tempo integral.
Os estudos serão feitos somente em camundongos e conduzidos pelo Instituto do Cérebro, da universidade, referência na área. O objetivo é avaliar a eficácia e segurança da substância em distúrbios neurológicos e psiquiátricos.
“A gente está interessado em compreender como essas substâncias controlam e modificam a atividade do cérebro e isso tem implicações muito importantes que vão desde distúrbios psiquiátricos como depressão, ansiedade até distúrbios neurológicos, como as epilepsias e alguns tipos de transtornos, como o autismo por exemplo”, explica o pesquisador do Instituto do Cérebro/UFRN Cláudio Queiroz.
fonte: Jornal Nacional