Viradouro homenageia Ganhadeiras de Itapuã no Carnaval do Rio de Janeiro
A Viradouro foi os destaques do primeiro dia de desfile do Grupo Especial do carnaval do Rio de Janeiro, com uma homenagem as Ganhadeiras de Itapuã – tradicional grupo de mulheres negras de Salvador. O enredo “Viradouro de Alma Lavada” destacou a quinta geração de lavadoras de roupa na Lagoa do Abaeté. A escola foi a primeira a desfilar neste domingo (23).
Na comissão de frente, a atleta da seleção brasileira de nado sincronizado Anna Giulia, vestida de sereia, dava mergulhos de até um minuto em um aquário com 7 mil litros de água mineral. O samba-enredo foi inspirado no afoxé. As ganhadeiras foram homenageadas como as “primeiras feministas brasileiras”
O desfile mostrou as atividades que as Ganhadeiras exerciam: lavar roupa, carregar e vender água, cozinhar e vender alimentos, costurar, vender bugigangas. Com os recursos, muitas compravam alforrias. A cantora Margareth Menezes desfilou como destaque do carro que lembrou as cirandas de roda à beira do mar aberto, uma contribuição das Ganhadeiras à música baiana. O grupo de encerramento se chamava “Lute como uma mulher!”, e levou mulheres negras ligadas à pauta feminista para a avenida.
A rainha de bateria, Raissa Machado, pelo sétimo ano na Viradouro, vestiu uma fantasia em homenagem à rainha dos Malês, Luiza Mahin, uma das lideranças da revolta pela libertação dos escravos em Salvador. A digital influencer Lore Improta foi musa da escola de samba, com uma fantasia avaliada em R$ 40 mil, representando a Rainha do Carnaval de Itapuã. O último carro teve problemas e apagou na enquanto passava pela avenida, mas depois voltou a funcionar.
A Mangueira também desfilou neste domingo com uma releitura crítica da vida de um Jesus Cristo nascido em uma comunidade. O desfile teve ainda uma estátua gigante mostrando um jovem Jesus negro crucificado e referências a indígenas, mulheres e membros da comunidade LGBT. O carro abre-alas mostrou o presidente de honra Nelson Sargento e a cantora Alcione representando José e Maria.
Já a Grande Rio contou a história do pai de santo Joãozinho da Gomeia para pedir tolerância religiosa, mas teve problemas com dois carros, que pode prejudica-la. Um dos destaques descola foi a volta de Paolla Oliveira como rainha de bateria, fantasiada de Cleópatra, após dez anos fora.