Doenças respiratórias crescem 40% no outono

De acordo com especialistas, estar com as vacinas em dia pode auxiliar na prevenção de doenças respiratórias.

Foto: Xando Pereira | Ag. A TARDE

 

As doenças respiratórias são as principais vilãs da população no outono e costumam aumentar 40% durante a estação, de acordo com estatísticas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).

A chegada da estação traz variações de temperatura e transição do clima, o que impacta diretamente no organismo. E o sistema respiratório é um dos que mais sofre com tais alterações. A causa disto tem a ver com a umidade do ar: no frio, o ar fica mais seco, concentrando mais poluentes.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o outono de 2017 será marcado por mudanças rápidas nas condições do tempo, com temperaturas que vão oscilar entre 18°C e 28°C.

Durante esta época do ano, as pessoas também tendem a ficar confinadas em ambientes fechados, facilitando a transmissão dos vírus e bactérias. Isso afeta o organismo por conta da mucosa nasal, que fica menos eficaz na infiltração de impureza.

O conjunto de ações faz com que o sistema respiratório perca um pouco da capacidade de defesas contra microrganismos nocivos. É o que acontece com a jornalista Carolina Piscina, cujos problemas respiratórios se agravam no outono.

“Associo muito isso às mudanças no tempo, um dia está muito calor e no outro mega frio. A sinusite é um problema muito recorrente, desde aquelas que são mais leves, e consigo controlar com remédios sem receita, até os casos em que preciso ir ao hospital e tomar antibióticos”, conta.

Dentre as doenças infecciosas, as mais comuns são a gripe e o resfriado. “Muitos pensam que ambas são a mesma coisa, mas existe uma diferença. A gripe é causada pelo vírus influenza. Já os resfriados são causados pelo rinovírus.

Os sintomas também são diferentes. A gripe, além de ter os mesmos sintomas do resfriado – como dor no corpo, mal-estar e coriza -, também provoca febre e dor de cabeça, explica Alexandre Colombini, Otorrinolaringologista da Clínica Fare.

Segundo o especialista, as principais vítimas são crianças, idosos e pacientes de doenças crônicas, como bronquite, asma, rinite e sinusite. Pessoas desses grupos devem redobrar os cuidados para evitar um quadro mais grave.

O engenheiro Tiago Gola tem rinite e sofre mais no outono. “Virada de tempo e ficar em lugar fechado, e depois sair para o calor ou frio são coisas que me prejudicam. Às vezes, de manhã, meu nariz sangra”, conta.

Prevenção

Os principais alertas para a busca de ajuda médica são a dificuldade para respirar e a febre alta persistente. “A prevenção desse tipo de doença é simples e deve ser seguida por todos. Sempre falamos para os nossos pacientes a importância de evitar locais fechados, tossir ou espirrar com a mão na boca, lavar a mão com frequência e, principalmente, estar com as vacinas em dia”, conclui o otorrinolaringologista.

A maior incidência da doença aumenta, também, o atendimento nos centros de saúde, uma vez que existe um grupo predisposto a ter problemas respiratórios.

“Quem já tem alguma doença respiratória crônica, como asma e principalmente Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, apresenta uma tendência muito maior em ter crises nessa época do ano”, explica o pneumologista José Jardim.

No Brasil, estima-se que cerca de cerca de 7 milhões de pessoas tenham Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Porém, somente 12% são diagnosticados e, desses, apenas 18% recebem o tratamento adequado, segundo a Associação Brasileira de Portadores de DPOC.

A Organização Mundial da Saúde define a DPOC como um “guarda-chuva” de doenças pulmonares crônicas que causam limitações no fluxo de ar. Ainda segundo a entidade, em 2020 a DPOC será a 3ª maior causa de morte no mundo.

Para os portadores da doença evitarem as crises nesta época, é necessário, além do diagnóstico correto e precoce, que o paciente inicie e mantenha o tratamento individual com diferentes especialistas – pneumologista, fisioterapeuta e nutricionista.

>> Saiba diferenciar as doenças da estação

Resfriado – É provocado por vírus. Apresenta como sintomas a obstrução nasal, coceira no nariz, espirros e mal – estar

Influenza c – Também é causada por vírus. Provoca os mesmos sintomas do resfriado, porém com febre, muito mal-estar e dores pelo corpo

Sinusite – é a infecção, viral ou bacteriana, dos seios da face. Os sintomas são secreção nasal, dores de cabeça, febre, tosse e dores no corpo

Faringite – também pode ser viral ou bacteriana. Causa dor de garganta, febre e até dor no ouvido

Amigdalite – é causada por vírus ou bactéria. Trata-se de inflamação e/ou infecção nas amígdalas. É comum apresentar mau hálito, dores no corpo, febre, rouquidão e dor de garganta e  presença de pus nas amígdalas

Fonte: A Tarde